lunes, 31 de marzo de 2014

Ban Shigeru: por uma arquitetura de mobilidade


Ban Shigeru. Crédito: Shigeru Ban Architects

O prêmio Pritzker tem o mesmo peso de um Prêmio Nobel da arquitetura mundial. O Japão acaba de conquistar este prêmio em dois anos seguidos, em 2013, com Ito Toyo, e agora, em 2014 com Ban Shigueru. Outros arquitetos japoneses que conquistaram o prêmio são: Maki Fumihiko (1987), Tange Kenzo (1993), Ando Tadao (1995), Nishizawa Ryue e Sejima Kazuyo do SANAA (2010). O Brasil também já foi laureado por este prêmio, com Oscar Niemeyer (1988) e Paulo Mendes da Rocha (2006).
Ban é conhecido pela utilização de materiais não ortodoxos na construção de suas obras, como rolos de papelão, papel, bambu e pano, em especial para soluções de emergência. Por exemplo, em 1994, quando milhões de pessoas se tornaram refugiados pela guerra civil em Ruanda, Ban propôs ao Alto Comissariado das Nações Unidas, abrigos feitos de tubo de papelão reforçado, um material de baixo custo e que proporciona facilidade de transporte, montagem e desmontagem, além de permitir a reutilização.
No ano seguinte, em 1995, quando do grande terremoto em Kobe, a mesma técnica foi utilizada para construir um abrigo temporário, que foi chamado de “Catedral de Papel”. Por esta experiência, o arquiteto tem sido chamado para propor soluções de emergência em várias catástrofes, incluindo o terremoto da região nordeste do Japão em 2011, no terremoto na Nova Zelândia, onde propôs uma instalação temporária para a catedral danificada, e no terremoto de Sichuan, na China, em 2008. A “Catedral de Papel” de Kobe foi depois desmontada e reconstituída em Taiwan, e ainda hoje é utilizada como ponto de referência para o ecoturismo.
Na premiação deste ano, foi destacado o empenho do arquiteto em organizar forças tarefas com equipes de voluntários para as regiões afetadas por catástrofes. Sua luta também é pelo uso de materiais recicláveis, evitando assim o desmatamento para finalidades construtivas.
Mas não é só de arquitetura social que a fama de Ban se estende internacionalmente. Tem a assinatura dele, a Nicholas G. Hayek Center, com boutiques como a Breguet, Blancpain, Glashütte Original, Jaquet Droz, Omega e Swatch.
Há também uma outra vertente em seu trabalho, de projetos residenciais. Aqui, Ban sempre impregna um caráter revolucionário na postura de morar. Por vezes, é uma moradia com um quarto que pode ser movido de lugar, de acordo com suas necessidades. Em outras, uma residência totalmente sem paredes, inclusive no banheiro todo à  vista.
Ban foi reconhecido por estes aspectos revolucionários, e por vezes visionários, tanto na utilização de materiais não tradicionais, como papel, bambu e pano, mas também por propor uma nova arquitetura, pautada na reinvenção, na mobilidade e reuso. Ban comentou o prêmio conquistado e considera como “uma mensagem de incentivo para continuar esta atividade”. A premiação, segundo ele, é apenas uma passagem e um momento para refletir o que vem sendo feito e pensado

Veja aqui galeria de algumas de suas obras. Clique e amplie.