Jojoscope entra com tudo em 2014. “Opa! Uma Alegre Revelação” é o resultado de dois anos de preparativos. É uma exposição colaborativa de uma das mais importantes estilistas do Japão, Junko Koshino, com o artista visual Go Yayanagi. Juntos, produziram estampas sobre seda, com motivos florais e amazônicos. Também estão na exposição desenhos, esculturas em papel e pinturas, num colorido vibrante e cheio de energia.
OPA! Uma Alegre Revelação – Rumo a uma nova amizade entre Brasil e Japão
Junko Koshino e Go Yayanagi
Já se passaram 106 anos desde o início da imigração japonesa para o Brasil. Hoje são mais de 1,5 milhões de descendentes de japoneses vivendo no Brasil, o que constitui na prática, a maior comunidade japonesa fora do Japão. Por outro lado, um novo fenômeno surgiu no final do século XX. A ida de brasileiros descendentes de japoneses para o Japão, a trabalho, resultou numa comunidade de 320 mil brasileiros vivendo lá. A relação entre os dois países, pautado na amizade, fortalece-se hoje com contribuições na área da cultura e das artes, aprofundando o conhecimento dos universos distintos em seu formato, mas muito próximos em seu caráter de afetividade.
“Opa! Uma Alegre Revelação” é uma exposição-interjeição, fruto de um trabalho colaborativo de dois grandes artistas do Japão, que têm em comum uma intensa paixão pelo Brasil. A estilista Junko Koshino usa a moda “para derrubar fronteiras”. Através de seu estilo extravagante e encantador, pretende encurtar a distância geográfica do Japão com o Brasil. E Go Yayanagi não esconde as influências que colheu no Brasil em sua juventude, quando decidiu se tornar artista plástico. Suas obras revelam cores de uma luminosa brasilidade.
Passeando por suportes como tecido de seda com estampa, acrílicas e desenhos, a exposição mostra o trabalho revolucionário destes dois artistas, que quebram paradigmas, trazem um Japão expansivo, que derruba não só as fronteiras geográficas, mas também da categoria das artes, numa fluidez onde o mais importante é o discurso sincero de suas linguagens. Por isso, as colaborações entre suas obras surgem espontaneamente, híbridas, simbióticas.
Além do trabalho dos dois artistas, “Opa! Uma Alegre Revelação” traz uma contribuição coletiva: crianças japonesas e brasileiras que residem no Japão foram convocadas para desenhar suas percepções, em meio às dificuldades para recuperar a sua rotina, rompida pelo terremoto e tsunami que abalou o leste japonês em 2011. Uma boa oportunidade para refletir sobre a importância da arte na reconstrução da vida e resgatar esperanças e sonhos.
■JUNKO KOSHINO (Designer de moda e artista)
“Meu trabalho é remover as fronteiras nacionais através da moda” (Junko Koshino)
Junko Koshino nasceu em Osaka. É um dos nomes mais respeitados da moda japonesa contemporânea. Estudou moda na conceituada Bunka Fashion College. Com 19 anos, tornou-se a mais nova ganhadora do prêmio So-en, um importante prêmio para designers emergentes. Depois da graduação, mostrou seu trabalho pela primeira vez em 1978, na Paris Fashion Week. Desde então, tem exibido suas coleções em várias cidades e países ao redor do mundo, incluindo Nova Iorque (Museu Metropolitano de Arte), Vietnam, Cuba e Myanmar. Seus projetos notáveis são “Antipole Joint Exhibition”, no qual colaborou com o escultor César Baldaccini, com o arquiteto Paul Andrew e com o designer e arquiteto Jean-Michel Wilmotte (Paris, 1992); participou da exposição “WILD: Fashion Untamed” (Metropolitan Museum of Art, 2004) e do “Illusion of Asia” (National Modern Art Museum, Tóquio, 2006). Organizou a abertura da cerimônia e do desfile principal do “Japan Festival” (Washington DC, 2008). Paralela à sua atividade como designer de moda e produtora de exposições, ela tem empenhado esforços para promover projetos de intercâmbio cultural entre vários países. Esses esforços foram reconhecidos em 2006, quando foi premiada com a Ordem da Estrela da Solidariedade Italiana, outorgada pelo governo Italiano. Já em 2008, foi nomeada Embaixadora do Programa Yokoso Japan, pelo Ministério da Terra, Infraestrutura, Transporte e Turismo, pela sua contribuição para a promoção do turismo para o Japão.
Koshino sempre foi fascinada pela cultura da América Central e América do Sul. Foi a primeira designer de moda estrangeira a realizar um desfile de moda em Cuba. Em 2011, o Governo Cubano reconheceu suas atividades, concedendo-lhe a Ordem da Amizade.
Em 2013, o presidente Thein Sein de Myanmar convidou Junko Koshino para desenhar o uniforme do time nacional para o Sea Games 2013 (um campeonato esportivo dos países do sudeste asiático). O Ministério das Relações Exteriores do Japão convidou várias empresas patrocinadoras e foi possível assim, produzir 2400 uniformes, que foram oferecidos ao governo de Myanmar, em doação.
Mensagem de Junko Koshino
“O Brasil se prepara para receber a Copa do Mundo e as Olimpíadas, alimentando expectativas por um futuro luminoso. 2014 se inicia com a nossa exposição, Opa!Uma Alegre Revelação, e queremos levar nossa mensagem de amizade para com o Brasil, país com o qual temos uma inusitada relação. Por exemplo, a amizade com Pelé é de longa data, mas quando visitei a área atingida pelo terremoto no leste japonês, em outubro de 2011, ele me acompanhou para prestar solidariedade às vítimas. Também soube que a novela “Carnation”, produzida pela emissora NHK, que narra a história de minha mãe, teve enorme repercussão entre os 1 milhão e 500 mil descendentes de japoneses residentes no Brasil. E enfim, começa o meu encontro com o Brasil. Participei com figurino no Carnaval de São Paulo, e mostraremos nosso figurino interagindo com a arquitetura de Oscar Niemeyer. Moda e Arte em sintonia!”
“O Brasil se prepara para receber a Copa do Mundo e as Olimpíadas, alimentando expectativas por um futuro luminoso. 2014 se inicia com a nossa exposição, Opa!Uma Alegre Revelação, e queremos levar nossa mensagem de amizade para com o Brasil, país com o qual temos uma inusitada relação. Por exemplo, a amizade com Pelé é de longa data, mas quando visitei a área atingida pelo terremoto no leste japonês, em outubro de 2011, ele me acompanhou para prestar solidariedade às vítimas. Também soube que a novela “Carnation”, produzida pela emissora NHK, que narra a história de minha mãe, teve enorme repercussão entre os 1 milhão e 500 mil descendentes de japoneses residentes no Brasil. E enfim, começa o meu encontro com o Brasil. Participei com figurino no Carnaval de São Paulo, e mostraremos nosso figurino interagindo com a arquitetura de Oscar Niemeyer. Moda e Arte em sintonia!”
■ GO YAYANAGI , artista plástico (pintor e gravurista)
“O Brasil é a minha segunda terra natal.” (Go Yayanagi)
Go Yayanagi nasceu em Obihiro, Hokkaido, em 1933. Após concluir a graduação no Obihiro Agricultural High School, em 1951, viajou para São Paulo, onde, em 1957, realizou uma exposição individual de seu trabalho no Museu da Arte Moderna. Desde então, Yayanagi tem mostrado seu trabalho ativamente em vários países, viajando extensivamente ao redor do mundo. Em 1965, mudou-se para Paris e estudou gravura em cobre por três anos com o mestre de pintura S.W. Hayter. Yayanagi tem apresentado seu trabalho em diversas exposições, tanto no Japão quanto em outros países. Foi selecionado para representar o Japão na 11ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1971. No Japão, mostrou seu trabalho no “Geijutsu e no Chosen“, exposição realizada no Museu Ikena de Arte do século XX, em 1981, e a “Distant Cosmology: 40 Years of Go Yayanagi,” realizada no Museu de Arte Hokkaido em Obihiro, em 1992. Trabalhando em diversas áreas incluindo pintura a óleo, gravuras, murais em edifícios públicos e design, Yayanagi continua produzindo trabalhos apreciados no mundo todo. Sua experiência de viver em territórios com amplos horizontes e na selva amazônica constitui a referência para seu estilo, que dinamicamente apresenta o reino animal, a natureza e o homem em uma única composição. Seus trabalhos fazem parte do acervo do Museu de Arte de São Paulo (MASP).
Mensagem do Artista
“O Brasil é minha segunda terra natal, desde a década de 50, quando embarquei em um navio de imigrantes, chamado Burajiru-maru, e cruzei o Oceano Pacífico para estudar pintura e arqueologia no Brasil por três anos. O navio passou pelo Canal do Panamá e chegou ao Porto de Santos, onde pisei pela primeira vez, em gloriosa terra brasileira. Lembro-me nitidamente do gosto de uma xícara de café que tomei nas proximidades do porto. A imagem da vasta natureza do país sintonizou-se com as minhas expectativas artísticas de um olhar contemporâneo. Quando observada esteticamente, Ouro Preto é para o Brasil o que Quioto é para o Japão. Ambas carregam em sua bagagem, história, religião e humanismo, tudo misturado, coexistindo. No Japão, o Monte Fuji, por sua grandiosidade de deslumbrante beleza sempre foi motivo de inspiração para muitos artistas. Durante o período Edo, Katsushika Hokusai retratou o Monte Fuji em sua renomada série de gravuras intitulada “As trinta e seis vistas do Monte Fuji”. Nela, Hokusai retratou com requinte e sofisticação a transformação das quatro estações do Japão, e esta obra é hoje uma referência entre as obras clássicas da humanidade . ‘A maravilha da natureza e o poder da vitalidade’. Este é o tema que eu concebi para esta exposição no Brasil. O vínculo entre as pessoas, a fraternidade entre os grupos étnicos e a veneração da natureza e da vida. ‘O encontro é uma arte’. Quando pessoas diferentes se encontram, diferentes ideias e pensamentos se cruzam para produzir uma mente orientada para o futuro. E eu acho que essa sensibilidade é o que circunda a arte”.
■ A História por trás da exposição
A colaboração entre Koshino e Yayanagi surgiu de um encontro de ambos, na exposição individual de Yayanagi intitulada “Um dia, uma vida; os vestígios de 365 dias”, promovido pela Tokyo Gallery+BTAP, no bairro tradicional de Ginza, em Tokyo, em 2009. Koshino propôs a Yayanagi a incorporação dos desenhos de matrizes exuberantes numa coleção assinada por ela. Assim, em desfiles como “Junko Koshino Collection: A Moment” (Grand Hyatt, Tokyo) e “Junko Koshino Beijing Fashion Show 25th Anniversary” (Great Hall of the People, Pequim). A cantor pop Americana Beyoncé adquiriu peças que foram mostradas nestes desfiles, dando uma projeção internacional a esta colaboração.
Em 2010, foi realizada na Galeria de Tóquio +BTAP, em Pequim, a exposição “Genre Crossing”. O desfile destacou as pinturas e impressões de Yayanagi, e as peças colaborativas de Yayanagi e Koshino. O coquetel de abertura e o desfile de moda reuniram mais de 800 pessoas e recebeu uma ampla cobertura da mídia, sobretudo em publicações especializadas em moda.
Em 2014, este mesmo projeto se volta para o Hemisfério Sul. Junko Koshino e Go Yayanagi trazem para o Brasil, o núcleo das exposições anteriores, reforçada com novas propostas colaborativas, que promete provocar intensas exclamações. “Opa!” é uma interjeição que se tornou popular também no Japão, depois que o escritor Takeshi Kaiko lançou um best seller intitulado “Opa!” (Editora Shueisha), um livro sobre pesca na Amazônia. A exposição colaborativa de dois ícones da arte e da moda do Japão promete derrubar fronteiras, geográficas e artísticas.
Neste projeto colaborativo entre um artista plástico e uma estilista, há um forte hibridismo que permeia as obras. De ambas as partes, a postura em derrubar fronteiras que separam as categorias artísticas em busca de uma nova expressão. Os desenhos de Yayanagi são incorporados em tecidos por Junko Koshino, com leveza e humor, por vezes provocando espanto pelo dinamismo e exuberância de suas formas.
O cruzamento de fronteiras parece ser o elo que liga Junko Koshino e Go Yayanagi. Ambos tiveram uma atuação artística que transitou por vários ambientes culturais, desde a década de 50. A última experiência conjunta dos dois foi na China. Agora seus olhares são dirigidos ao Brasil.
O retorno do Go Yayanagi ao Brasil marca o início de um novo ciclo. Ele começou sua carreira artística aqui, e a consolidou no Japão, passando por vários países. Neste retorno ao princípio de sua história, Yayanagi traz uma obra cheia de reflexões e interpretações sobre esta sua segunda pátria.
Para Junko Koshino, esta é a primeira experiência de atuação no Brasil. Sua personalidade forte, independente e marcante tem muito das características brasileiras. Adora desafios e novos olhares e põe em prática, um dos ensinamentos de sua mãe, a também estilista Ayako Koshino: “Conquistar a outra margem do rio? Só atravessando”.
Junko Koshino e Go Yayanagi saúdam a centenária artista nipo-brasileira Tomie Ohtake, para a qual pretendem realizar uma homenagem no dia da inauguração da exposição.
Operação Caracol – Sonhos e Esperanças para as crianças vítimas do terremoto
Um dos segmentos desta exposição irá mostrar o resultado de um processo produzido por Junko Koshino, denominado “Arte Caracol”, com a participação de crianças brasileiras e japonesas. O caracol é uma referência importante de uma das obras mais representantivas de Go Yananagi, intitulada “Monte Fuji”, que estará presente nesta exposição, como uma obra que simboliza a cultura japonesa. Nesta ação, cartolinas cortadas em forma de caracol foram distribuídas para crianças brasileiras e japonesas, para que elas desenhassem livremente sobre elas, representando a amizade entre as crianças dos dois países através da arte.
Da parte japonesa, crianças das cidades de Ishinomaki e Sendai (da província de Miyagui), Aldeia Iidate, Aizu Wakamatsu (na província de Fukushima) e arredores da Central Nuclear Fukushima 1, todas áreas afetadas pelo terremoto e tsunami na região leste do Japão, em 2011 contribuíram com seus desenhos. E com a colaboração do cônsul geral do Brasil em Tóquio, Marco Farani, as crianças brasileiras residentes na cidade de Ooizumi (província de Gunma), província de Ibaragui e Yokohama (província de Kanagawa) também aderiram a este projeto, que ficou intitulado Operação Caracol.
Pretende-se também envolver crianças no Brasil, de escolas que tenham afinidades com o Japão, para que os desenhos feitos no Brasil sejam enviados às crianças japonesas, como uma mensagem de apoio às vítimas da catástrofe.
A exposição permanece em cartaz até março, quando no dia 11 se completam três anos da tragédia que abalou o Japão, para prestar uma homenagem às vítimas.
OPA! UMA ALEGRE REVELAÇÃO Um novo olhar para a amizade Brasil – Japão
- Onde: Instituto Tomie Ohtake (Av. Faria Lima, 201 | Entrada pela rua Coropés, Pinheiros, São Paulo, SP)www.institutotomieohtake.org.br
- Quando: 23 de Janeiro a 16 de Março de 2014 (11h às 20hs, fechado segundas-feiras)
- Artistas: Junko Koshino e Go Yayanagi
Créditos:
Realização: Instituto Tomie Ohtake
Organização: Comitê Organizador “Opa! Uma Alegre Revelação” | Junko Koshino | Tokyo Gallery+BTAP | Dô Cultural
Patrocínio: Itochu Corporation| Toyota |Ajinomoto Co., Inc./ Ajinomoto do Brasil Indústria e Comércio de Alimentos Ltda. | Kikkoman | Turquish Airlines | Blue Tree Hotels&Resort
Apoio: Embaixada do Brasil em Tóquio | Consulado Geral do Japão em São Paulo | Japan Foundation
Comitê Executivo: Heizo Takenaka (professor da Universidade Keio e ex-ministro das Finanças do Japão), Fumio Nanjo (Diretor da Mori Museum), Cheiko Aoki (presidente da Blue Tree Hotels&Resorts)
Colaboração: Epson | Indústria Agrícola Tozan Ltda. | Chef Shin Koike